"Você sabia que a cada ano mais de 12, 7 milhões de pessoas no mundo são diagnosticadas com câncer e 7,6 milhões de pessoas morrem vítimas dessa doença? No Brasil, somente para este ano, são esperados quase 500 mil novos casos da doença.
Se nada for feito, haverá 26 milhões de casos novos e 17 milhões de mortes por ano em 2030. E a maior parte ocorrerá nos países em desenvolvimento. No Brasil, entre 2000 e 2007, os investimentos do Ministério da Saúde com a doença aumentaram em 20% ao ano, passando de R$ 200 milhões para R$ 1,4 bilhão, em 2007. O custo do câncer no mundo à economia global em mortes prematuras e invalidez, sem considerar os custos médicos, foi estimado em US$ 1 trilhão.
Por isso, a Declaração Mundial contra o Câncer é um instrumento para chamar a atenção de líderes governamentais, gestores de saúde e formadores de opinião para reduzir até 2020 a catastrófica abrangência da doença que ameaça as futuras gerações no mundo."
A Declaração representa o consenso entre governos do mundo inteiro, especialistas em saúde pública e defensores da luta contra o câncer comprometidos em eliminar esta ameaça à vida das futuras gerações."
Texto do Site da INCA Instituto Nacional de câncer José de Alencar Gomes da Silva
do inicio do ano de 2015.
Podemos ler no grifo em vermelho que o enfoque no custo do câncer à Saúde Pública é visível, e como pesquisadora do assunto e atuante na difusão das reais causas da 'epidemia' de câncer ao redor do mundo me preocupa a confusa abordagem sobre o assunto.
O valor humano que perdemos é incalculável como a morte da morte a psicóloga e psicoterapeuta Amparo Caridade morta em 2010 vítima de câncer,
Morreu vítima de um câncer, na manhã desta quarta-feira (30) (2010), no Recife, Amparo Caridade, psicóloga, psicoterapeuta e mestra em Antropologia. Professora adjunta da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), onde lecionava no Departamento de Psicologia, ela estava afastada das atividades profissionais para tratar a doença.
Mais do que autora de livros uma estudiosa e pensadora que deixou marcas na cultura humanista brasileira, a exemplo da qualidade do texto abaixo.
A dor e alegria de nascer
Amparo Caridade
Nascer, viver e morrer, não são momentos datados na vida, são processos que acompanham o existir do ser humano. Existimos enquanto corpos, enquanto sujeitos, enquanto totalidades. Enquanto corpo, nascemos um dia de um outro corpo, mas enquanto sujeitos, nascemos a cada dia, a cada realização, a cada descoberta, a cada gesto. Nascemos quando criamos algo, ou quando fazemos reparação de atos indevidos. Nascemos quando colocamos no mundo um novo ser.
Nascemos quando produzimos bem-estar. Nascer, não é apenas o ato de chegar ao Mundo, é um processo que se inicia aí, mas que só termina com a morte. Na verdade, nascemos, vivemos e morremos a cada instante. Viver, é também um processo, e ele não acontece apenas no ato físico de ter um corpo vivo. O corpo pode estar vivo, mas o sujeito pode ter sido sacrificado nele.
Vivemos como sujeitos quando somos nós mesmos, quando amamos o que fazemos. Vivemos nos projetos que temos, nas contribuições que damos à vida, ao mundo, às relações. Vivemos naquilo que construímos e deixamos atrás de nós, como ação fincada no solo da coletividade, como marca identitária da passagem que fizemos pelo planeta. Morremos quando o corpo deixa de viver, mas morremos sobretudo, nas negações que fazemos de nós mesmos, nas anulações do eu, nas derrotas da auto-estima, na banalização da vida.
A dor como a alegria tornam-se parceiras do existir, na costumeira solenidade do cotidiano, desde o nascer, o viver até o morrer. Esses processos são acompanhados de emoções intensas quando a elas nos permitimos. O bebê nasce em meio a dores e intensas alegrias, dos pais, dos familiares, dos avós. Quando o evento de um nascimento querido, acontece distante de nós, essas emoções invadem o imaginário numa presença totalizadora, numa proximidade quase alucinatória.
O telefone permite ouvir a voz, o choro, a floricultura faz presente a ternura, a internet deixa ver fotos de preciosos momentos. São mediadores desse universo encantado, mas não eliminam a expectativa, a espera do contato. À distância vivem-se as inquietâncias do ato de nascer, vivem-se as dores do parto, as contrações, respirações, num acompanhamento ansioso, numa espera quase interminável. Nascer dá trabalho. Otto Rank referia-se ao nascimento como sendo um momento traumático para o bebê. Mas, nascer também mobiliza, encanta, modifica os afetos, os sentidos o mundo e os outros.
O que acontece ao bebê, acontece também a cada um de nós, em cada nascimento que fazemos para uma etapa melhor do existir. O momento pode ser doloroso, mas também fértil e promissor de alegrias intensas. O mundo da imaginação fútil postula que a vida seja sem dor, que seja fácil, o que pode se tornar uma espera alienante. Nascer dói, mesmo assim não temos escolha. Se o bebê não nasce, morrerá. Nascemos e renascemos a cada instante, sem o que, estaremos abortando o próprio eu.
A vida se recicla a cada nascimento. O bebê é promessa. Promessa de imortalidade, caricatura da felicidade impossível. O filho, o neto, recicla a família e seus afetos. Nasceu Fernandinho, cheio de promessa e luz. É puro encanto aos olhos de todos que amam seu vir a ser. É promessa de ternura tanta, que chego a sentí-lo, sem ainda tê-lo tido nos braços.
Nasceu Nathan, que em hebraico significa “Deus me deu”. Os filhos são doações de Deus ao mundo necessitante de renovação, de paz, de ternura, de amizade. Seria pobre esse mundo, se os bebês não viessem dar-lhe nova luz! Popularmente diz-se que a mulher “dá a luz”. O bebê é a luz que a mulher dá ao mundo. Na sabedoria do povo, intui-se a renovação que um novo ser traz à vida. “Cada criança que vem ao Mundo diz: Deus ainda espera alguma coisa do homem” diz Tagore.
Quantos anônimos e geniais perdemos para o desumano mercado da morte a cada minuto.
Ivone
Amor à Vida
Por isso, a Declaração Mundial contra o Câncer é um instrumento para chamar a atenção de líderes governamentais, gestores de saúde e formadores de opinião para reduzir até 2020 a catastrófica abrangência da doença que ameaça as futuras gerações no mundo."
A Declaração representa o consenso entre governos do mundo inteiro, especialistas em saúde pública e defensores da luta contra o câncer comprometidos em eliminar esta ameaça à vida das futuras gerações."
Texto do Site da INCA Instituto Nacional de câncer José de Alencar Gomes da Silva
do inicio do ano de 2015.
Podemos ler no grifo em vermelho que o enfoque no custo do câncer à Saúde Pública é visível, e como pesquisadora do assunto e atuante na difusão das reais causas da 'epidemia' de câncer ao redor do mundo me preocupa a confusa abordagem sobre o assunto.
O valor humano que perdemos é incalculável como a morte da morte a psicóloga e psicoterapeuta Amparo Caridade morta em 2010 vítima de câncer,
Morreu vítima de um câncer, na manhã desta quarta-feira (30) (2010), no Recife, Amparo Caridade, psicóloga, psicoterapeuta e mestra em Antropologia. Professora adjunta da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), onde lecionava no Departamento de Psicologia, ela estava afastada das atividades profissionais para tratar a doença.
Mais do que autora de livros uma estudiosa e pensadora que deixou marcas na cultura humanista brasileira, a exemplo da qualidade do texto abaixo.
A dor e alegria de nascer
Amparo Caridade
Nascer, viver e morrer, não são momentos datados na vida, são processos que acompanham o existir do ser humano. Existimos enquanto corpos, enquanto sujeitos, enquanto totalidades. Enquanto corpo, nascemos um dia de um outro corpo, mas enquanto sujeitos, nascemos a cada dia, a cada realização, a cada descoberta, a cada gesto. Nascemos quando criamos algo, ou quando fazemos reparação de atos indevidos. Nascemos quando colocamos no mundo um novo ser.
Nascemos quando produzimos bem-estar. Nascer, não é apenas o ato de chegar ao Mundo, é um processo que se inicia aí, mas que só termina com a morte. Na verdade, nascemos, vivemos e morremos a cada instante. Viver, é também um processo, e ele não acontece apenas no ato físico de ter um corpo vivo. O corpo pode estar vivo, mas o sujeito pode ter sido sacrificado nele.
Vivemos como sujeitos quando somos nós mesmos, quando amamos o que fazemos. Vivemos nos projetos que temos, nas contribuições que damos à vida, ao mundo, às relações. Vivemos naquilo que construímos e deixamos atrás de nós, como ação fincada no solo da coletividade, como marca identitária da passagem que fizemos pelo planeta. Morremos quando o corpo deixa de viver, mas morremos sobretudo, nas negações que fazemos de nós mesmos, nas anulações do eu, nas derrotas da auto-estima, na banalização da vida.
A dor como a alegria tornam-se parceiras do existir, na costumeira solenidade do cotidiano, desde o nascer, o viver até o morrer. Esses processos são acompanhados de emoções intensas quando a elas nos permitimos. O bebê nasce em meio a dores e intensas alegrias, dos pais, dos familiares, dos avós. Quando o evento de um nascimento querido, acontece distante de nós, essas emoções invadem o imaginário numa presença totalizadora, numa proximidade quase alucinatória.
O telefone permite ouvir a voz, o choro, a floricultura faz presente a ternura, a internet deixa ver fotos de preciosos momentos. São mediadores desse universo encantado, mas não eliminam a expectativa, a espera do contato. À distância vivem-se as inquietâncias do ato de nascer, vivem-se as dores do parto, as contrações, respirações, num acompanhamento ansioso, numa espera quase interminável. Nascer dá trabalho. Otto Rank referia-se ao nascimento como sendo um momento traumático para o bebê. Mas, nascer também mobiliza, encanta, modifica os afetos, os sentidos o mundo e os outros.
O que acontece ao bebê, acontece também a cada um de nós, em cada nascimento que fazemos para uma etapa melhor do existir. O momento pode ser doloroso, mas também fértil e promissor de alegrias intensas. O mundo da imaginação fútil postula que a vida seja sem dor, que seja fácil, o que pode se tornar uma espera alienante. Nascer dói, mesmo assim não temos escolha. Se o bebê não nasce, morrerá. Nascemos e renascemos a cada instante, sem o que, estaremos abortando o próprio eu.
A vida se recicla a cada nascimento. O bebê é promessa. Promessa de imortalidade, caricatura da felicidade impossível. O filho, o neto, recicla a família e seus afetos. Nasceu Fernandinho, cheio de promessa e luz. É puro encanto aos olhos de todos que amam seu vir a ser. É promessa de ternura tanta, que chego a sentí-lo, sem ainda tê-lo tido nos braços.
Nasceu Nathan, que em hebraico significa “Deus me deu”. Os filhos são doações de Deus ao mundo necessitante de renovação, de paz, de ternura, de amizade. Seria pobre esse mundo, se os bebês não viessem dar-lhe nova luz! Popularmente diz-se que a mulher “dá a luz”. O bebê é a luz que a mulher dá ao mundo. Na sabedoria do povo, intui-se a renovação que um novo ser traz à vida. “Cada criança que vem ao Mundo diz: Deus ainda espera alguma coisa do homem” diz Tagore.
Quantos anônimos e geniais perdemos para o desumano mercado da morte a cada minuto.
Ivone
Amor à Vida
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