Ivone Leão

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Homo sapiens x Homo erectus



O que leva um homem a pensar que pode dispor do corpo de uma mulher apenas porque sente atração por ela?

Desde muito menina observo a vida e seu caminhar...

Não sinto saudades do passado e nada é melhor do que meu dia de hoje, amo ver meus filhos adultos, me sinto uma mulher presenteada pela chegada deles em minha vida.

Amo conhecimento, tecnologia, comunicação e vejo o evento da internet e seus desdobramentos como a maior revolução na área da informação de nossa Era.

Nas últimas décadas vi muitas coisas melhorarem ao redor do mundo, assim como vi muitas outras piorarem, mas existem ainda situações que não mudaram quase nada, e é esse o tema que quero abordar nesse texto...


Pela manhã dessa quinta-feira li no feed de meus amigos no Facebook uma amiga comentar sobre sua postura diante dessa plataforma de relacionamentos virtuais colocando que sempre foi uma pessoa discreta, de bom tom, o que concordo, mas isso não impediu que um de seus amigos virtuais lhe enviasse in-box fotografias de seu órgão genital numa absurda e grotesca abordagem sexual, e eu penso... como pode ser ainda tão primitiva a mente de tantos homens... em pleno século XXI, ano de 2018, tempo de franca expansão tecnológica encontramos homens de excelente formação acadêmica, doutorados e com foto de família no Facebook, realizando às escondidas atitudes que ofenderiam  até mesmo seus antecessores os "macacos do Novo Mundo"  como os bugios, macacos-prego, saguis, babuínos, os gibões nossos irmãos na cadeia evolutiva dos primatas.

Há uns dois anos recebi uma aluna para um período de Yogaterapia personal.

Uma mulher que passava dos quarenta, já havia sido casada e nesse tempo se recompunha de um longo período de mal-estar e depressão buscando novo folego para organizar a vida... e foi o que aconteceu... Minha aluna que aqui vou chamar pelo nome fictício de Luna, terminou seus estudos universitários, encontrou um trabalho que a deixava feliz e pretendia fazer algumas viagens para fora do país nos próximos anos, para isso buscou aperfeiçoar seu inglês chamando um amigo que conhecia virtualmente há mais de cinco anos com quem costumava trocar mensagens e confidencias. Xande, como vou chama-lo, é um homem de pouco mais de quarenta anos, bem-apessoado e noivo de uma moça há quinze anos, com quem decidiu atar os laços matrimoniais somente depois da conquista da tal casa própria e essas coisas que alguns gostam de seguir à risca.

Contratado, o então ex amigo virtual, agora seu prof. de inglês, Xande passou a ir à sua casa ministrar as aulas que por sua vez eram excelentes fazendo com que Luna se desenvolvesse rapidamente no idioma, e que fosse sendo construída uma empatia entre ela e o professor que agora mais amigo do que nunca às vezes pedia uma pizza depois da aula esticando a conversa um pouco mais nas noites de quarta... 

Passou, pelo que ela me contou, cerca de seis meses, quando numa madrugada acordou com a nítida impressão de que seu professor de inglês estava contanto para ela alguma coisa muito especial o que a deixou curiosa.

Na manhã seguinte como fizera tantas vezes ofereceu um bom dia a Xande contando do curioso sonho que tivera, ele respondeu prontamente como era de costume, mostrando-se especialmente solicito, pedindo mais detalhes do sonho... Ela levou na melhor das intenções achando engraçada a reação do amigo diante do que ela dissera... nos dias subsequentes algo no tom da amizade havia mudado e um clima meio de paquera aconteceu, Luna que é uma mulher de boa índole e pouca malícia começou a achar que o professor devia estar se interessando por ela, afinal eram tão amigos e porque não, uma amizade especial daquelas que todos gostaríamos de ter... 

Quarta feira chegou e seu prof. apareceu mais arrumado que nas outras aulas, estando especialmente solicito e Luna me contando disse que chegou a sentir-se como uma adolescente com o coração disparado e as mãos tremulas...

A aula começou... mas logo nas primeiras falas Xande a puxou para perto e tentou tocar com a mão seu órgão feminino, ela confusa e meio fora de forma quando percebeu estava na cama com o professor... cena que me disse nunca havia pensado viver com ele, afinal um bom amigo, noivo há quinze... A noite se foi e Luna me disse que dormiu contente com as emoções daquela noite.

Na manhã seguinte como sempre mandou bom dia ao amigo, mas não obteve resposta, assim chegou silenciosa a próxima quarta-feira de aulas de inglês e as próximas também... embora tudo o mais estivesse caminhando bem em sua vida a atitude do amigo em quem confiava a estava deixando confusa, foi quando veio me procurar para uma orientação.

Eu que somo emoção e ciência sei que é essencial retirarmos de dentro de nós sentimentos represados, e proponho quase sempre procurar a pessoa com quem tenha a pendência para tentar um diálogo e expressar o que sente e pensa em relação a atitude do outro num diálogo humano onde um tem responsabilidade emocional para com o outro.

Sexo é algo sublime, mas poucos sabem utilizar dessa energia de maneira benéfica à evolução, vivemos numa sociedade onde o homem na grande maioria ainda vê a mulher como um objeto de desejo e não como um ser humano em evolução, um ser generoso que traz as crianças ao mundo, regenerando a humanidade, que se dedica, que ama que faz multiplicar a vida na terra... A mulher também, devido a inúmeras mudanças sociais, muitas vezes acaba se afastando de sua natureza feminina, conciliadora e afetuosa.

Mas Luna como estava dizendo, acabou encontrando uma boa oportunidade para acabar com aquela sensação... num dia na fila do banco (coisa que nunca havia acontecido antes, embora morassem na mesma cidade) avistou Xande à duas pessoas à frente, ele não a viu, Luna pegou o celular e enviou uma mensagem de texto; fiquei chateada por você ter sumido depois daquela quarta-feira que aprendemos coisas novas juntos... por que tem que ser desse jeito pensei que fossemos amigos... Ao que ele respondeu... A minha noiva costuma pegar meu celular imagina se ela ler uma mensagem dessas... Luna leu e ponderou... só pensa nele mesmo, e parecia tão gente boa...
        
       Ela me procurou outro dia e conversando perguntei... e então Luna o que tirou dessa experiência (tudo aqui ela leu antes, portanto com sua autorização) ao que ela me respondeu... ele é um cara bom, bacana, noivo há quinze anos (risos) mas é um homem bem comum e apenas aproveitou uma oportunidade de se divertir comigo não tem nada de bom amigo... vou conhecer professores de inglês bem melhores com certeza, aliás fui aceita para dar aulas de desenho de moda brasileira numa pequena cidade marítima ao sul da França, uma realização de adolescente... e ela concluiu... eu devia ter procurado um professor de francês... (rimos) aliás uma atitude que ajuda a desintoxicar agressões psíquicas... 

A vida é longa e o mundo é redondo, experiência querida, disse à Luna.

E citando Mário Quintana “Eles Passaram e Eu Passarinho”...

A vida tem dessas...

Abraço,
Ivone Leão
Apaixonada pela Vida




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